terça-feira, 29 de agosto de 2023

Leitura- Também guardamos pedras aqui - Luiza Romão

 



Livro de poesia extremamente curto. Vale como obra de Arte mais completa e não como poesia simplesmente pois carece de mais esforço poético .

Resenha : As pedras de Luiza Romão têm a ver menos com as pedras no bolso de Virginia Woolf, e mais a ver com as pedras jogadas pelos palestinos em Sheikh Jarrah: um ato ao mesmo tempo concreto e simbólico, de autodefesa e resistência ao neocolonialismo. As pedras de Luiza têm mais a ver com a pedra de Drummond, a de João Cabral, a pedra das canções de protesto do Clã Nordestino, de Nina Simone, de Pete Seeger, de Barbara Dane e de Selda Bağcan.

Com “também guardamos pedras aqui”, Luiza Romão consegue inserir momentos de afago e restauro existencial, sem perder uma perspectiva crítica. Isso, em 2021, é tudo que a gente quer: seguir nos aperfeiçoando, nos aprimorando, como seres humanos e sujeitos políticos, e ao mesmo tempo sentir um pouco de prazer, um pouco de alívio, que carreguem nossas de baterias, para que possamos voltar à realidade, prontas para a luta. Um livro para ir redescobrindo, à medida que ele passa. Não tenho a menor dúvida disso.

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Leitura - As Memórias de Sherlock Holmes - Conan Doyle

As estórias de Sherlock são uma benção e uma distração sem fim . Reler sempre



Resenha : Uma coleção de histórias canônicas de Sherlock Holmes, de Doyle, contendo doze contos, originalmente publicados na The Strand Magazine, entre dezembro de 1892 e novembro de1893. Em Memórias de Sherlock Holmes, os contos percorrem desde o início da vida do genial detetive, as aventuras, as singularidades das situações vividas, os problemas e as angústias de Sherlock. Ao longo das narrativas, o autor mostra a construção do personagem, sua evolução e, por que não dizer, sua humanização.

domingo, 20 de agosto de 2023

Leitura- Agua Viva- Clarice Lispector

 


Fluxo narrativo de emoções . digressões estéticas e filosóficas . Ler Clarice eh antes de tudo uma experiência estética


Resenha : Clarice Lispector tinha o hábito de dormir cedo, acordar de madrugada e ficar sentada na sua sala pensando, fumando e ouvindo a Rádio Relógio, acompanhada apenas de seu cachorro, Ulisses. Nesses momentos de solidão, nasceram muitas de suas obras, que, depois, ela escreveria com a máquina de escrever apoiada sobre as pernas. "Escrevo-te sentada junto de uma janela aberta no alto do meu ateliê", diz ela em determinado trecho do romance Água viva, em que a autora se confunde com a personagem, uma solitária pintora que se lança em infinitas reflexões sobre o tempo, a vida e a morte, os sonhos e visões, as flores, os estados da alma, a coragem e o medo e, principalmente, a arte da criação, do saber usar as palavras num jogo de sons e silêncios que se combinam, a especialidade da própria Clarice.

Água viva, longo texto ficcional em forma de monólogo, foi lançado pela primeira vez em 1973, poucos anos antes da morte de Clarice que, nessa época, já se consagrara como um dos valores mais sólidos da nossa literatura, por seu estilo único, em que a grande preocupação era a busca permanente pela linguagem.
Água viva é um desafio emocionante para quem lê ou relê Clarice Lispector. Traz uma linguagem que não se perde no tempo; ao contrário, é ricamente metafórica, em que coisas, ações e emoções do dia-a-dia se transformam em grandiosas digressões indagadoras sobre o sentido da existência e da vida. Seguindo a linha de características introspectivas de seus livros, Clarice cria uma obra singular, verdadeiro relato íntimo que projeta em flashes, como num caleidoscópio, verdadeiros resumos de estados de espírito em tom de confidência, onde a subjetividade sobrepuja o factual e a narradora é responsável pela cadência do texto.

Nova edição do de um dos livros mais conhecidos de Clarice Lispector, agora com projeto gráfico de Victor Burton e capa criada a partir de pinturas da própria Clarice. Esta edição traz posfácio do poeta Eucanaã Ferraz.

Leitura- O Fim de Eddy- Edouard Louis

 


Excelente livro sobre bullying , preconceito e identidade sexual . Mas sobretudo sobre a pobreza, ignorancia e má educação




Resenha : Uma infância no inferno: a angústia de um garoto obrigado a enfrentar a crueldade e o conservadorismo de uma comunidade no interior da França

“Todas as manhãs, enquanto me arrumava no banheiro, eu repetia a mesma frase sem parar, tantas vezes que ela terminaria por perder o sentido, passaria a não ser mais do que uma sucessão de sílabas, de sons. Eu parava e retomava a frase: Hoje eu vou ser um durão. Eu me lembro porque eu repetia exatamente aquela frase, como se faz com uma oração, com aquelas exatas palavras – Hoje eu vou ser um durão (e eu choro enquanto escrevo estas linhas: choro porque eu acho essa frase ridícula e horripilante, essa frase que, durante anos, me acompanhou e que de certa forma ocupou, não creio que haja exagero em dizer isso, o centro da minha vida).”

O fim de Eddy, romance autobiográfico de uma das mais proeminentes vozes da nova literatura francesa, desvela o conservadorismo e o preconceito da sociedade no interior da França. De forma cruel, seca e sufocante, a violência e a amargura de uma pequena cidade de operários se contrapõem à sensibilidade do despertar sexual de um garoto, estabelecendo um paralelo direto com as experiências do próprio autor.

“Esse romance, sobre crescer em meio à pobreza e à homofobia na zona rural francesa, é leitura essencial.”
THE GUARDIAN

“Sagaz... Brilhante... Um vigor emocional devastador.”
GARTH GREENWELL, THE NEW YORKER"

sábado, 19 de agosto de 2023

Leitura- 451No 72

 






MEMÓRIA
A existência transcendente de Zé Celso — Martha Nowill

FOLHA DE ROSTO
José Celso Martinez Corrêa — Renato Parada 

FICHAMENTO
Sabina Anzuategui — Iara Biderman 

CRÍTICA CULTURAL
Ninguém quis ver, de B. Mitrano — Paulo Roberto Pires

ONDE QUEREMOS VIVER
A nossa era — Djaimilia Pereira de Almeida 
Lixo da saudade — Humberto Brito 

PERSPECTIVA AMEFRICANA
O que é ser uma escritora negra hoje, de acordo comigo, de D. P. de Almeida — Juliana Borges

DESLEMBRAMENTOS
A saudade é uma rua esquisita — Ondjaki 

AS CIDADES E AS COISAS
Se a cidade fosse nossa, de J. Berth — Bianca Tavolari

LAUT — LIBERDADE E AUTORITARISMO
Operação impeachment, de F. Limongi — Daniela Costanzo

DESIGUALDADES
Relational Inequalities, de D. Tomaskovic-Devey e D. Avent-Holt — Verônica Toste

LIVROS E LIVRES
Saia da frente do meu sol, de F. Charbel — Renan Quinalha
A menina que não fui, de H. Ryner — Amara Moira

CIÊNCIAS SOCIAIS
Crônicas digitais, de A. Compagnon — Antonio Mammi 

ARTE
Amazônia Touch, de S. Salgado — Maria Stockler Carvalhosa 

LITERATURA BRASILEIRA
Entrevista com Clarice Lispector — Benjamin Moser 
A testemunha involuntária — Paulo Gurgel Valente 
Reescrevivendo Macabéa — Conceição Evaristo 
Todos os diários, de L. Cardoso — Guilherme Magalhães 

LITERATURA
Entrevista com R. Montero — Iara Biderman 
Meu pai e o fim dos judeus da Bessarábia, de S. Fux e J. Fux — Thais Lancman 

LITERATURA JAPONESA
Rádio Imaginação, de S. Ito — Gabriela Mayer

MÚSICA
Rita Lee: outra autobiografia, de R. Lee — Daniel Setti 

REBENTOS
O que você vê, de A. Rampazo — Cristiane Tavares 

terça-feira, 15 de agosto de 2023

Leitura- Contos de Fantasia Chineses- Pu Songling


A qualidade e criatividade destes contos se equiparam as jóias medievais : Contos de Canterbury , Decamerão e outros .Altamente recomendado



Resenha : Há muito considerado uma obra-prima do fantástico e do misterioso, Contos de fantasia chineses é uma coleção de contos sobrenaturais compilados de antigas histórias folclóricas chinesas por Pu Songling no século XVIII.


Esses contos de fantasmas, magia e outras coisas bizarras e fantásticas são um verdadeiro clássico da literatura chinesa e dos contos sobrenaturais em geral.

Esta primeira edição brasileira contou com organização de Yao Feng e tradutores e tradutoras que converteram a obra ao português brasileiro pela primeira vez.

De preferência, pedimos ao leitor e à leitora que aproveite a leitura desses contos de arrepiar com as luzes apagadas em uma noite tranquila.

Leitura- Cenas de um Crime - Patrick Modiano

 


Na verdade este livro e o anterior deviam fazer parte de um único livro. Excessivamente curtos e altamente conectados na montagem de imagens do passado e lembranças. 






Resenha: Em Cena de um crime, o Nobel de Literatura, Patrick Modiano, explora os enigmas do tempo e da memória em um romance perturbador. O período de memórias fugidias e acontecimentos obscuros narrado por Patrick Modiano em seus três aclamados romances semiautobiográficos — Primavera de cão, Remissão da pena e Flores da ruína — é retomado em Cena de um crime. O autor Nobel de Literatura revisita lugares e eventos de sua infância na rue du Docteur-Kurzenne, numa época marcada por mães substitutas, eventos misteriosos e um roubo infame jamais solucionado pela polícia. Neste livro, Modiano evoca o desdobrar daqueles anos. Jean Bosmans, agora com vinte e poucos anos, se vê em uma série de coincidências perturbadoras que envolvem uma mulher elusiva, a casa onde passou parte de sua infância e um grupo de personagens que lhe parecem excessivamente interessados em seu passado, por motivos que ele é incapaz de compreender. Conforme atravessa os ecos da memória, passado e presente se entrelaçam cada vez mais, formando uma teia que abrange meio século de sua vida. Com o suspense de um romance policial, Cena de um crime aos poucos remove as camadas do tempo e do esquecimento para revelar os legados aterrorizantes, ameaçadores e trágicos do que se pensa que se sabe da própria vida. “Modiano, com sua escrita repleta de elisões e pausas silenciosas, é um mestre em criar uma atmosfera. Sua Paris é incandescente com uma ameaça noir, um palimpsesto perfeito para as memórias de Bosmans.” - New York Times Book Review

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Leitura- Flores da ruína- Patrick Modiano



Excelente livro de Modiano. Sua literatura eh similar ao flanar nas ruas de Paris . Entre as visões das pessoas e locais pensamentos entremeiam o andar. Ótimo




Resenha : Em 24 de abril de 1933, dois jovens cônjuges se suicidam em seu apartamento em Paris. Naquela noite, eles teriam se encontrado com diversas pessoas e foram dançar.

Trinta anos depois, o narrador tenta reconstruir a história deles, que parece se cruzar com a sua própria. Cada pergunta suscita outras, como um eco, ao curso de andanças fantasmagóricas por Paris, de lembranças que retornam à memória... Remissão da Pena, Flores da Ruína e Primavera de Cão são histórias independentes mas formam a “trilogia essencial” da obra de Patrick ModianoResenha: 

Leitura- Nostalgias Canibais - Odorico Leal

Gostei da criatividade dos contos. me pareceu um tanto o quanto pretencioso na escrita . Mas os contos são bons e merecem uma nova fornada R...