sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Leitura- Lia - Caetano Galindo

 




Primeiro romance de Caetano W. Galindo, tradutor de Ulysses e autor de Latim em pó, Lia costura fragmentos de uma existência numa prosa inovadora, revelando com maestria a matéria de que é feita uma vida.

Romances podem ser como filmes. Este é um álbum de retratos. Como fotos, os capítulos devem ser vistos por si sós. Como álbum, o livro pode ser lido em qualquer ordem: o que lhe dá sentido (nos dois sentidos) é a vida que registra. É assim que vamos conhecer Lia. Alguém que acompanhamos por toda uma vida feita à nossa frente em fragmentos, lascas e relances. Não é assim, afinal, que conhecemos todas as pessoas da nossa vida?“ Lia é um livro profundo e lúdico. Enquanto o leitor se entretém com a montagem do quebra-cabeças, satisfeito ao encaixar mais uma peça da misteriosa Lia, Caetano Galindo traduz a complexidade de existir.”

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Leitura- 451 N# 90

 








Resenha /Índice : Eu, Carrere • O escritor francês Emmanuel Carrère revisita quatro décadas de carreira e fala dos seus romances não ficcionais e arrependimentos literários em entrevista a Fernando Eichenberg

Antonio Scurati • Michel Foucault • Maura Lopes Cançado • Alexandre Nodari • Fernanda Torres • Junji Ito • Mariana Salomão Carrara • Marcelo Moutinho • Teju Cole

Mais: as lembranças de Humberto Werneck da Belo Horizonte literária da década de 60 e o centenário da New Yorker

Foto da capa: Ed Alcock

Leitura- Ainda estou aqui - Marcelo Rubens Paiva

 



Resenha : Eunice Paiva é uma mulher de muitas vidas. Casada com o deputado Rubens Paiva, esteve ao seu lado quando foi cassado e exilado, em 1964. Mãe de cinco filhos, passou a criá-los sozinha quando, em 1971, o marido foi preso por agentes da ditadura, a seguir torturado e morto. Em meio à dor, ela se reinventou. Voltou a estudar, tornou-se advogada, defensora dos direitos indígenas.

Nunca chorou na frente das câmeras. Ao falar de Eunice, e de sua última luta, desta vez contra o Alzheimer, Marcelo Rubens Paiva fala também da memória, da infância e do filho. E mergulha num momento negro da história recente brasileira para contar — e tentar entender — o que de fato ocorreu com Rubens Paiva, seu pai, naquele janeiro de 1971.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Leitura- Melhor não contar -Tatiana Salem Levy


 

.Eh uma boa escritora. Mas o livro deixa uma sensação dúbia. Parece a mim psicanalítico demais . A impressão que fica é que o sofrimento por algo não contado e muito difícil para a formação da personalidade seja algo único e particular . Quando na verdade não é . E muitas pessoas resolvem seus problemas "melhor não contar " de forma mais suave. E que todos os acontecimentos tristes da vida são particularmente dolorosos e mantidos efetivos por toda vida. Parece um sentimento particular de um povo .Mas o livro é bom 



Resenha :Melhor não contar abre com uma cena iniciática: aos dez anos, a protagonista relaxa numa piscina, na companhia da mãe e do padrasto. Sem ter chegado ainda à puberdade, se desfaz da parte de cima do biquíni e desfruta da inocência sob o sol e o vento. O sossego é interrompido quando o padrasto, um aclamado cineasta, apresenta o esboço do desenho de observação que fizera há pouco — ali está a menina, retratada naquele momento, com um detalhe que foi impossível passar desapercebido: “Seus mamilos, apontando um para cada extremidade do papel, chamam a atenção. Há mais tinta neles, foram desenhados com força. Estão eretos, reparo”. Esse acontecimento marcaria o fim da infância daquela menina, filha de uma intelectual e jornalista pioneira, uma mulher de espírito e vitalidade incomuns. E, a despeito disso — como repara a narradora, já adulta —, até mesmo essa mãe poderosa e aparentemente imbatível teve que se haver com os flutuantes desejos masculinos e as desigualdades gritantes entre os gêneros. Na vida e na arte.

Fazendo do título do livro um paradoxo brilhante, a narradora resolve então contar tudo (ou quase): da doença galopante que vai tirar a mãe do seu convívio ainda na juventude à reação de um companheiro a um aborto da protagonista já madura e morando no exterior. E faz ainda mais: reflete sobre a diferença entre mulheres e homens na hora de narrar uma história.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Leitura- O Vampiro de Curitiba - Dalton Trevisan

 





Resenha :
Ganhador do Prêmio Camões 2012, Dalton Trevisan reedita sua obra de maior destaque com nova capa e um conto inédito, A velha querida.


Assim como um vampiro é capaz de tudo em sua busca pela satisfação do sangue, os personagens dos contos que compõem este O vampiro de Curitiba buscam, sem culpa, pudor ou censura, o prazer a qualquer custo. Considerado uma obra-prima do autor, este livro traz Dalton Trevisan em sua forma mais clássica: objetivo, conciso, minimalista e afeito a referências literárias de toda sorte, levando sua mistura de ironia e pessimismo aos extremos mais chocantes e repulsivos da degradação humana.

Estas histórias representam situações-limite sociais, psicológicas ou existenciais que, por seu absurdo, contêm elementos de paródia, humor e fantasia, ao mesmo tempo em que exploram a crueldade e a sordidez reveladas nas incontroláveis fantasias que determinam os impulsos mais profundos do ser humano.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Leitura- O Grande Relógio - Silviano Santiago

 Trabalho bastante erudito mas que busca mostrar todo eurocentrismo da nossa iniciação cultural. Mas não é simples de se ler




RESENHA : O pensador e o crítico estão presentes e passam a perna no romancista. Em cadernetas, os dois elaboram e desenvolvem anotações sob a forma de folhetins que deixam à mostra o longo processo de criação do romance brasileiro. Silviano Santiago decide expor ousadias e riscos, manobras e estratégias que surpreendem a solidez de obras canônicas da literatura dita universal por viés nevrálgico. O grande relógio nietzschiano diz que a cultura brasileira, e nela a literatura, recomeça hoje.

A Editora Nós entrega ao leitor o primeiro dos três “cadernos em andamento” em que um dos nossos mais importantes autores contemporâneos repensa, e suplementa, a maturidade alcançada nos trópicos pela literatura brasileira. Parte de projeto contrastivo entre as obras de Machado de Assis e de Marcel Proust, O grande relógio: a que hora o mundo recomeça visa a solicitar (“abalar o todo”, etimologicamente) os fundamentos da literatura comparada eurocêntrica — a saber, as noções de influência, cópia e originalidade. Se viver é perigoso, avisa o ensaio em forma de alerta, desconstruir é ainda mais perigoso. Acolhamos Silviano Santiago em folhetim, em série e em processo.


Leitura- Vozes de Batalha - Marina Colasanti

Me pareceu excessivamente pueril. Escrito como se fosse uma sobrinha adolescente de família extremanente rica e sofisticada escrevendo um li...