sábado, 11 de setembro de 2021

Leitura- Cartas de uma Imperatriz

Excelente este livro de cartas da Imperatriz Leopoldina. Nobre de vasta formação e da família mais nobre ,  acabou isolada no Brasil desempenhando seu papel de princesa dentro do Regime Monárquico vigente no mundo , dominado pelos homens e desempenhando seu papel de parideira de príncipes e princesas. Para piora morreu jovem e corneada as claras pelo Imperador. Triste fim 

Resenha: Em 1817, a jovem Leopoldina, descendente dos Habsburgos, uma das mais importantes famílias da nobreza européia, desembarcava no Rio de Janeiro, onde lhe esperava o seu marido, D. Pedro, com quem ela havia se casado por procuração, ainda em Viena, na Áustria. Era o primeiro encontro dos dois. A jovem, cheia de sonhos, criada na mais completa lealdade aos ideais absolutistas, sabia que, além do amor que já sentia pelo jovem português, teria uma missão a cumprir naquela terra nova, sem o glamour das cortes da Europa. “Meu destino é o Brasil, e cumprirei com prazer o mais rápido possível”, escreveu numa carta à sua irmã Maria Luísa, que havia sido esposa de Napoleão Bonaparte.
As cartas desta jovem princesa austríaca que, em solo brasileiro, acabou tendo um papel fundamental no episódio da Independência, surgem agora reunidas em Cartas de uma imperatriz. O livro reúne 315 cartas, que foram selecionadas a partir de um universo pesquisado de 850 peças em arquivos brasileiros, austríacos e portugueses, e cinco ensaios abordando o período histórico no Brasil e na Europa, a formação intelectual e moral de Leopoldina e a sua participação nos rumos da vida brasileira no começo do século XIX.
Os historiadores István Jancsó e André Roberto de A. Machado, em “Tempos de revolta, tempos de revolução”, apresentam uma reflexão sobre a presença portuguesa no Brasil e os rumos da monarquia absolutista numa Europa em transformação. Já a historiadora austríaca Bettina Kann, da Biblioteca Nacional da Áustria, que assina dois artigos, faz uma análise da situação política na Áustria e o ambiente em que a jovem se formou. A historiadora Andréa Slemian, tomando como referência a leitura das cartas, traça um painel de sua vida no Brasil, estabelecendo a dinâmica existente entre privado e público, mulher e princesa. Para completar, a psicanalista Maria Rita Kehl tece preciosas considerações sobre a personalidade de Leopoldina, a partir da leitura das cartas.
A pesquisa, a seleção e a transcrição deste vasto material foram feitas pela historiadora Bettina Kann e Patrícia Souza Lima, historiadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Escritas em alemão, francês, português e inglês, elas cobrem o período que vai de 1808, quando Leopoldina tinha apenas 11 anos, a 1826, ano do seu falecimento.
Entre os vários destinatários, como seu pai Francisco I, sua tia Maria Amélia, destacam-se as que foram enviadas a sua irmã Maria Luísa, que era uma espécie de confidente de Leopoldina. Nestas cartas, a jovem relata, entre outras coisas, o momento em que recebeu, ainda em Viena, um retrato de D. Pedro, e se apaixonou por este jovem “tão lindo como um Adônis”. Já em sua última carta à irmã, pouco antes de sua morte após um aborto, encontramos uma mulher abatida e desesperançosa: “Há quatro anos, minha adorada mana, como a ti tenho escrito, por amor de um monstro sedutor me vejo reduzida ao estado de maior escravidão e totalmente esquecida pelo meu adorado Pedro”.
Esta edição inclui ainda um caderno iconográfico (com obras selecionadas de artistas-viajantes que estavam no Brasil na época, como Johann Moritz Rugendas, Thomas Ender, que acompanhou Leopoldina na Missão Austríaca, e Debret, além de duas aquarelas da própria Leopoldina e alguns fac-símiles das cartas), a árvore genealógica da Imperatriz e de D. Pedro I, cronologia histórica, glossário de nomes, bem como um índice de todas as cartas e um índice onomástico. Um material rico não só para estudiosos, mas também para os leitores, a quem se oferecerá um testemunho vivo da vida européia e brasileira no começo do século XIX.

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