domingo, 30 de janeiro de 2022

Leitura - Homens Cordiais

 

Mais um excelente livro de Samir Machado; Pesquisa histórica aliada a suspense e uma boa aventura vivida numa época que reforça ainda mais o prazer da leitura .Excelente


Resenha : O que James Bond, Umberto Eco e Portugal no século XVIII têm em comum? O que poderia juntar referências a vilões clássicos da animação, trocadilhos inusitados e o musical Hamilton? Em Homens cordiais, Samir Machado de Machado mais uma vez faz disputas políticas de séculos atrás conversarem com o Brasil e o mundo de hoje em dia. Ver o soldado Érico Borges tentar decifrar os planos da Marquesa de Monsanto um instante antes de tudo ir para os ares é ver uma partida de tênis — só que com explosões. E explosões deixam tudo melhor.
Dessa vez, acompanhamos Érico enquanto utiliza sua inteligência militar e social para lutar uma batalha que nem sempre é a dele. Além de impedir que mais guerras aconteçam, vemos em Érico um desejo de entender por que os poderosos as querem, para começo de conversa. Com seus inimigos fictícios, o personagem cativante questiona problemas muito reais, como fanatismo, xenofobia, homofobia e até mesmo disputas de gênero.

Nosso autor tem a facilidade de mostrar o sentido de algo estrutural: algo presente em seus alicerces, em sua própria composição — remetendo inclusive à arquitetura de Lisboa após o terremoto de 1775. Por outro lado, perdão pelo trocadilho, mas Samir Machado de Machado abala as estruturas, desafiando as normas do que é um romance de capa e espada para deixá-lo ainda mais emocionante. Aí entram as referências pop no romance histórico: o Satyricon de Petrônio, os deuses gregos, métodos de assassinato à la Agatha Christie e a série Chaves.

A narrativa cativante faz o leitor parar e se perguntar: "Espera um pouco: isso aconteceu de verdade? Essas pessoas são reais?" No entanto, ninguém vai conseguir largar o livro por tempo suficiente para consultar se os túneis romanos sob Lisboa ou se a Irmã Xerazade existiram mesmo. Mas tudo é real para Érico Borges nesta nova aventura. Tudo é muito real para esse personagem que só quer voltar para casa seguro para os braços de quem o espera.

sábado, 22 de janeiro de 2022

Leitura - A Vida de Dante


Vale como documento histórico e como uma obra de Boccaccio. Tem poucos dados , mas o suficiente para capturar um pouco da vida do poeta 


Resenha 

Fundamental para a compreensão do mito de Dante Alighieri, esta biografia não só mostra a influência que o poeta teve na vida do autor de Decamerão, mas também é um brilhante estudo historiográfico da Idade Média. Escrito por volta de 1350, este tratado marca um dos momentos mais importantes do culto a Dante: a profunda admiração de Boccaccio, autor do Decameron, pelo criador da Comédia, que permeou praticamente toda a sua obra.

A princípio concebida como um prefácio à compilação das obras do poeta florentino, esta Vida de Dante foi revisitada por Boccaccio três vezes — e a versão que o leitor brasileiro tem agora em mãos é a mais extensa e provavelmente a mais conhecida.

Mais do que uma biografia, esta defesa da poesia é peça fundamental para a compreensão do mito de Dante, além de servir ao rico estudo historiográfico do período.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Leitura -A Arte e a maneira de abordar seu chefe para pedir aumento

 

Perec era um louco ao estilo Borges mas pelo lado matemático. Obsessivo ao extremo , criativo ao extremo ,escreve por formulas combinatórias para eliminar TODAS as possibilidades da escrita o que pode levar seu leitor a loucura . Criatividade em excesso .

Resenha: Só um homem que nunca comprou uma televisão e não sabe dirigir, como parece ter sido o caso de Georges Perec, pode conceber um estado progressivo de exasperação diante da vida prática como o que é relatado neste livro. Só um homem tão avesso ao chamado do consumo é capaz de provocar o riso do leitor diante de uma das situações ao mesmo tempo mais corriqueiras e constrangedoras da vida cotidiana nas sociedades que seguem à risca a cartilha do mercado. A arte e a maneira de abordar seu chefe para pedir um aumento é exatamente isso: uma bula às avessas. Um livro de antiajuda, que ensina a rir de si mesmo, nem que seja só para contrariar uma das principais tendências do mercado editorial num mundo reduzido a fórmulas matemáticas.

Inspirado num organograma empresarial, Perec imaginou um jogo obsessivo de possibilidades cujo objetivo aparente seria evitar o pior — que por isso mesmo sempre acontece, a cada nova tentativa frustrada do protagonista, concebida como projeção exemplar e preventiva. À maneira de um manual antecipatório, o texto revela o ridículo das ações e das expectativas mais prosaicas do mundo do trabalho, por meio de sua repetição esquemática até o esgotamento. O leitor é o protagonista desse jogo combinatório de probalidades, que leva a obsessão pelas projeções matemáticas às raias do ridículo. Ao contrário dos manuais que ensinam a vencer na vida e fazer amigos num mundo onde mercado e realidade são sinônimos, este pequeno livro póstumo traduzido pelo premiado escritor Bernardo Carvalho mostra que não há regras nem limites para a imaginação literária.

Georges Perec (1936-82) foi um dos grandes inovadores da literatura no século xx. Filho de judeus poloneses que imigraram para a França, perdeu o pai na frente de batalha, durante a Segunda Guerra, e a mãe num campo de concentração. Em 1965, recebeu o prestigioso prêmio Renaudot por As coisas, seu primeiro romance, e, em 1967, passou a integrar o centro de literatura experimental OuLiPo (Ouvroir de Littérature Potencielle), fundado por Raymond Queneau. Sua prosa extremamente lúdica recorre à lógica e à matemática para lançar uma luz surpreendente sobre os detalhes mais repetitivos das sociedades de consumo. A vida modo de usar (1978), considerado sua obra-prima, foi publicado pela Companhia das Letras em 1991 e, em 2009, em edição de bolso.


quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Leitura - Os Tais Caquinhos

 

Muito bom livro; Vamos esperar o próximo romance para termos um juízo de valor sobre Natércia enquanto escritora . Senão ficará no bolo dos autores de narrativas meio autobiográficas que esgotam a criatividade do escritor . A maioria de seus escritos são contos 


Resenha:
Um romance poderoso e áspero sobre uma família, um apartamento caótico e as dolorosas descobertas da adolescência.


Faltava muita coisa no apartamento 402. Mas sobravam muitas outras: caixas de papelão, bandejas de isopor, cacarecos, baratas, cupins, muriçocas, poeira, copos sujos. Abigail, Berta e Lúcio formam um trio nada convencional. Duas adolescentes dividem o apartamento com o pai, um homem amoroso, idiossincrático, acumulador, pouco afeito à vida prática, que torce para que a morte venha logo lhe buscar e dá conselhos incomuns às filhas: “É muito bom sentir fome”.
Os tais caquinhos é um romance de formação trágico e comovente, capaz de arrancar risos nervosos. Ao descrever o dia a dia de uma família simbiótica em meio à cordilheira de lixo que só faz crescer, Natércia Pontes desenha um fascinante retrato de três pessoas que buscam conviver com seus sonhos e suas fantasias, suas manias e seus anseios, seus medos e suas revelações. "

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Leitura -Notas sobre o Luto





Um livro bem escrito pois a escritora eh excelente mas nao se compara com os que já li dela . Me pareceu um pouco forçado e para tapar um buraco . Parece mais uma catarse terapica 

Resenha Escrito por uma das maiores vozes da literatura contemporânea, esse livro é um relato não apenas sobre a morte de um pai amado, mas também sobre a memória e a esperança que permanecem com aqueles que ficam.
Escrito após a morte do pai de Chimamanda Ngozi Adichie em junho de 2020, durante a pandemia de covid-19 que mantinha distante a família Adichie, Notas sobre o luto é um poderoso relato sobre a imensurável dor da perda e as lembranças e resiliência trazidas por ela.
Consciente de ser uma entre milhões de pessoas sofrendo naquele momento, a autora se debruça não só sobre as dimensões familiares e culturais do luto, mas também sobre a solidão e a raiva inerentes a ele. Com uma linguagem precisa e detalhes devastadores em cada capítulo, Chimamanda junta a própria experiência com a morte de seu pai às lembranças da vida de um homem forte e honrado, sobrevivente da Guerra de Biafra, professor de longa carreira, marido leal e pai exemplar.
Em poucas páginas, Notas sobre o luto é um livro imprescindível, que nos conecta com o mundo atual e investiga uma das experiências mais universais do ser humano.
“Era tão próxima do meu pai que sabia sem querer saber, sem saber inteiramente o que sabia. Uma coisa dessas, temida durante tanto tempo, finalmente chega, e na avalanche de emoções vem também um alívio amargo e insuportável. Esse alívio se torna uma forma de agressão, e traz consigo pensamentos estranhamente insistentes. Inimigos, atenção: o pior aconteceu. Meu pai se foi. Minha loucura agora vai se revelar.”

Leitura- O Lugar

 





O livro eh bacana .Um livro sem freios da vida com o pai de Anne . Apenas coloca muito bem como  se distanciam as relações o as familiares a medida que se cresce educacionalmente , socialmente e monetariamente . Tem muito do que víamos muitas vezes em nossos pais e também como nossos filhos hoje nos vêem. Mas eh também uma mostra do esforço paterno nem sempre valorizado  

Sinopse : Livro que lançou Annie Ernaux à fama, O lugar, inédito no Brasil, estabelece as bases para o projeto literário que Ernaux levaria adiante por três décadas de consagração crítica e sucesso de público. Nesta autossociobiografia, uma das mais importantes escritoras vivas da França se debruça sobre a vida do próprio pai para esmiuçar relações familiares e de classe, numa mistura entre história pessoal e sociologia que décadas mais tarde serviria de inspiração declarada a expoentes da auto ficção mundial e grandes nomes da literatura francesa como Édouard Louis e Didier Eribon. O resultado é um clássico moderno profundamente humano e original.

Leitura -Kanikosen



Eh um livro totalmente planfletário . Eh um pouco inocente na construção de sua utopia comunista no navio. Vale mesmo como registro do absurdo , que aliás, permanece até hoje em muito ambientes de trabalho 

 Resenha : Quem embarca no navio Hakuko Maru é alertado de seu destino. Parece ser a única alternativa que resta para aqueles desempregados, pequenos comerciantes falidos, camponeses sem-terra, jovens pobres e outros rejeitados da sociedade. Ainda assim, ninguém está preparado para o inferno que é a rotina do navio. Naquele misto de barco e fábrica, em alto mar, os trabalhadores não têm qualquer direito e estão à mercê da exploração brutal e da violência dos capatazes do conglomerado pesqueiro. Alguns morrem de desnutrição, outros de maus tratos. Os trabalhadores então descobrem que, se não querem trabalhar até à morte, terão que resistir e lutar pela vida. Um clássico da literatura japonesa do século XX, numa emocionante versão em quadrinhos. Publicado originalmente em 1929, o romance Kanikosen custou a vida de seu autor, Takiji Kobayashi. Por causa do imenso sucesso do livro, Kobayashi despertou a ira do governo e das classes dominantes japonesas. Depois de viver um tempo na clandestinidade, o escritor foi preso, brutalmente torturado e, por fim, assassinado pela polícia em 1933. Ele tinha apenas 29 anos. Kanikosen ficou proibido por muitos anos, mas acabou redescoberto e, desde então, tem sido um dos romances mais cultuados do Japão, com diversas versões para o cinema, teatro e esta celebrada adaptação para o mangá feita por Go Fujio.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Leitura- 451# 53

 Nada a comentar deste número exceto a ótima entrevista da Lilia Schwarcs  .Acho que entram de férias...rsrsr 



domingo, 9 de janeiro de 2022

Leitura- Vida - Modo de Usar

 




Uns dos romances mais incríveis e criativos que já li! Comparar com Mil e uma Noites eh algo que vem a mente com suas estórias entrelaçadas criativas que cativam o leitor .Afinal o que eh Literatura senão fazer o leitor se perder na leitura , perder a noção do tempo e se deslumbrar com a riqueza da escrita.  Um livro excelente 


Resenha: A vida modo de usar, publicado em Paris em 1978 - quatro anos antes da morte prematura do Georges Perec, fundador ao lado de Raymond Queneau do grupo de experimentação literária OuLiPo - é recorrentemente considerado um dos grandes romances da segunda metade do século XX. Na verdade uma teia de romances (no plural, como enfatizava o autor), o livro é composto por uma miríade de histórias e 'sub-histórias', a um primeiro olhar banais, envolvendo os habitantes de um edifício em Paris, e que se entrecruzam como as peças de um puzzle.



Leitura- Nostalgias Canibais - Odorico Leal

Gostei da criatividade dos contos. me pareceu um tanto o quanto pretencioso na escrita . Mas os contos são bons e merecem uma nova fornada R...