segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Leitura- Voando para casa e outras estórias -Ralph Ellison

 




Resenha:Poéticos, vivazes e intensos: assim são estes catorzes contos de Voando para casa e outras histórias, de Ralph Ellison, autor vencedor do Pulitzer por Homem invisível.



Em uma mala de couro esquecida debaixo de uma mesa, Ralph Ellison, um dos maiores escritores estadunidenses do século XX, guardava uma série de manuscritos inéditos. Após a morte de Ellison, sua esposa, Fanny, presenteou John F. Callahan — editor e grande amigo do marido — com esses escritos. Assim, seis contos inéditos foram selecionados, junto a outros já publicados pela imprensa, para compor esta antologia Voando para casa e outras histórias.

Aqui estão reunidos os primeiros contos de Ellison, escritos entre 1937 e 1954, nos quais o autor já aborda seu tema preferido: a formação de uma identidade negra nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, revela uma realidade particular que transcende a vida ordinária.

Em catorze histórias curtas, leitoras e leitores encontrarão traços autobiográficos de um autor que soube transpassar sua vivência para a literatura. Herdeiro declarado do estilo cru e poético de Ernest Hemingway, Ellison nos emociona com a inocência infantil em “Garoto em um trem” e impressiona com a brutalidade dos linchamentos em “[Uma farra no parque]” — um retrato de um século XX que se faz atual ainda em tantos momentos.

Publicados pela primeira vez no Brasil, os contos de Voando para casa e outras histórias são considerados pela crítica o esboço de Homem invisível, a obra-prima de Ralph Ellison. A presente edição conta com tradução de André Capilé, poeta, tradutor, pesquisador de produções literárias afrodiaspóricas e professor de literatura brasileira na Universidade do Estado do Rio de Janeiro.



“Vistos em conjunto, os contos de Ellison apontam para sua visão consistente sobre a identidade estadunidense construída durante os cinquenta e cinco anos de vida em que ele escreveu.” — John F. Callahan, escritor e crítico literário

“Maravilhoso, anterior aos riffs de Homem invisível — e mais uma excelente contribuição para a obra de Ellison.” — Kirkus Reviews

“As histórias de Ellison demonstram, individualmente, seu comprometimento em criar e, em conjunto, a bagagem adquirida que, mais adiante, o permitiram construir, tijolo por tijolo, um dos maiores monumentos da literatura estadunidense.” — Publishers Weekly

“Ellison é um romancista completo, que utiliza as palavras com grande habilidade, que escreve com intensidade poética e imenso vigor narrativo.” — The New York Times

domingo, 26 de janeiro de 2025

Leitura- Retorno a Reims - Didier Eribom

 


Livro excessivamente falado mas altamente psicanalítico . Me pareceu que o  Eribom quis  achar algumas justificativas para a vergonha de ser pobre  e   desta forma culpar  os  seus 30 anos sem ver a família :na burguesia , no capitalismo , na sua condição homossexual e na luta de classes .Para quem como eu veio de uma família muito pobre e sofreu na carne a mesma exclusão social trata-se de um excelente bode expiatório e um ótimo tema para um bom escritor . O que vale no livro eh sua auto biografia e não a analise psicanalítica e marxista .

O fato é que não precisaria de nenhuma destas justificativas pois seu meio social e sua família eram excessivamente humilhantes , inconvenientes e desqualificadores . Tinha mesmo que sair fora disto tudo .O resto é discurso psicanalítico e marxista. O analista dele  deve ter obrigado  a escrever o livro para exorcizar a culpa , independente das razões que teve que acho extremamente justas para abandonar tudo  .Aliás deve ser católico para se sentir tão culpado por NADA .



Resenha : Neste grande livro que entrelaça reflexão sociológica e memória autobiográfica, Didier Eribon relata seu retorno, depois da morte de seu pai, a Reims, sua cidade natal, e seu defrontamento com seu ambiente de origem, com o qual havia praticamente rompido trinta anos antes. Desse reencontro, vem o ímpeto de mergulhar no passado e retraçar a história de sua família, à medida que se dá conta de que a ruptura não se deveu exclusivamente a sua homossexualidade ou à homofobia que pairava no ambiente doméstico, mas também à vergonha que ele sentia de sua origem social. Ao evocar o mundo operário de sua infância, reconstituindo sua ascensão social e sua vida intelectual a partir dos anos 1950, o filósofo e sociólogo francês combina a cada parte desse relato íntimo e comovente elementos de uma reflexão sobre classes, sistema escolar, formação das identidades, sexualidade, política, democracia e a mudança do padrão de votos da classe operária ― que é ilustrada por sua própria família que troca sua lealdade pelo Partido Comunista por partidos de direita e até de extrema-direita. Ao reinscrever assim as trajetórias individuais nos determinismos coletivos, Didier Eribon se questiona sobre a multiplicidade de formas da dominação e portanto da resistência.

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Ouvidoria - 20000 léguas - Galileu - 11 episódios

 

Mais um excelente podcast de 20000 léguas. Recomendo a todos . A vida de Galileu merece ser contada e recontada



Resenha :

O Vinte Mil Léguas está de volta – e viaja para ainda mais longe no tempo. A partir de 8 de abril, tem início a terceira temporada do podcast de ciências e livros, dedicada a Galileu Galilei. Apresentado por Leda Cartum e Sofia Nestrovski. Trilha original de Fred Ferreira.

Depois de dois anos, o Vinte Mil Léguas está de volta – cada vez mais com a cabeça na lua. Começa aqui a temporada dedicada a Galileu Galilei, ao telescópio, aos astros, aos pêndulos, ao movimento.

domingo, 19 de janeiro de 2025

Leitura - 451 N# 89

 






Vida longa, vampiro • Um especial sobre o escritor Dalton Trevisan, morto em dezembro de 2024, por Hélio de Seixas Guimarães, Giovana Maladosso e Caetano W. Galindo.

Inácio Araujo • Beatriz Bracher • Leiko Gotoda • João Guilhoto • Seth Jacobowitz • Miranda July • Darian Leader • Antonio Scurati • Pedro Süssekind • Julia Wähmann

Mais: uma crítica do filme Ainda estou aqui, por Marcelo Miranda; uma reportagem sobre o mal da vista cansada, por Helena Aragão; entrevistas com a escritora espanhola Alana S. Portero, por Renata Carvalho; o livro de Raul Juste Lores sobre a revolução arquitetônica dos anos 50, por Nabil Bonduki.

Foto da capa: Dérson Trevisan.

Leitura- A mais recôndita memória dos homens- Mohamed Mbougar Sarr

 




Existe no início do livro um frase de Bolano que remete ao título do livro. A mim este livro excelente tem um quê Bolanista no jeito de contar a estória . Lendo achava que lia Bolano


Resenha : 

Neste romance magistral, vencedor do prêmio Goncourt e traduzido para mais de trinta idiomas, Mohamed Mbougar Sarr se inspira numa história verídica para construir um romance de formação e de aventura que celebra a literatura e revive o melhor da tradição deixada por Roberto Bolaño em Os detetives selvagens.

Em 2018, Diégane Latyr Faye, um jovem escritor senegalês, descobre em Paris um livro mítico publicado em 1938: O labirinto do inumano. Seu autor, o misterioso T.C. Elimane, desapareceu sem deixar vestígios depois que uma escandalosa acusação de plágio mobilizou a comunidade literária francesa dos anos 1940. Fascinado, Diégane inicia então seu percurso atrás do “Rimbaud negro”, enfrentando as grandes tragédias do colonialismo e do holocausto. De Dakar a Paris, passando por Amsterdam e pela Buenos Aires dos salões literários das irmãs Ocampo, que verdade o espera no centro deste labirinto?

Sem nunca perder o fio dessa busca que se apodera de sua vida, Diégane frequenta um grupo de jovens autores africanos radicados em Paris: entre noitadas de discussões, bebedeiras e sexo, eles se interrogam sobre a necessidade da criação a partir do exílio.

Com a sua perpétua inventividade, A mais recôndita memória dos homens é um romance inesquecível, marcado pela exigência de uma escolha entre a escrita e a vida, ou pelo desejo de ir além da questão do confronto entre a África e o Ocidente. Nas palavras do escritor angolano Kalaf Epalanga, autor do texto de orelha desta edição, Sarr “consegue a proeza de construir um romance que celebra a beleza da literatura e a importância da criação artística”.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Leitura- Viela ensanquentada . Wesley Barbosa

 

Livro de leitura rápida . São estórias da infância e juventude contada em pequenos fragmentos . Literariamente fraco . Falta um pouco de estilo na construção de imagens . Comparativamente a Geovanni Martins esta a milhas dele . Vale como dar força a pessoas que saíram de situação de vida crítica e conseguiram encontrar seu espaço social 




Resenha :
História comovente e infelizmente muito atual. A vida nas comunidades das grandes cidades brasileiras vem se modificando, graças ao esforço e ao empenho da maioria dos moradores. Porém o tráfico de drogas, a milícia (grupos de ex-policiais que agem contra os traficantes, mas são forças criminosas) e a violência desmedida ainda sobressaem nas favelas brasileiras. 
Viela Ensanguentada é mais uma obra, escrita por uma pessoa de dentro da favela, que denuncia o abuso e a violência porque passam os moradores destas comunidades.

terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Leitura- As aventuras de Nhô Quim- Angelo Agostini e Candido Aragonez

 Talvez a 1o Gibi nacional. Vale a pena conhecer esta obra que mostra o funcionamento social da época em que foi lançado . 






Resenha: O encontro do interiorano com a Corte era fonte infindável de pilhérias no Brasil do século XIX. No teatro de Martins Pena, por exemplo. Em O juiz de paz da roça, José quer seduzir Aninha, carregá-la consigo para a cidade, logo fala muito do “que é que há lá tão bonito”: três teatros, homem que vira macaco, mágica com muito maquinismo, cosmorama na rua do Ouvidor, cabrito com duas cabeças, porco com cinco pernas.

O caiporismo também marcava presença naquele tempo. Como na literatura de Machado de Assis, nada menos. Num conto, “Último capítulo”, o protagonista e narrador da estória define o caipora — ele próprio — como o sujeito que, ao cair de costas, consegue quebrar o próprio nariz! Para saber como, vá ler o conto, que está em Histórias sem data, pois vale muito a pena.

Nhô Quim é ao mesmo tempo roceiro e azarado. Jovem de vinte anos, filho “de gente rica porém honrada”, vai parar na Corte porque o pai não aprova o seu namoro com donzela virtuosa mas sem vintém. Está criado o entrecho para as situações embaraçosas e chistes sem fim de As aventuras de Nhô Quim, ou impressões de uma viagem à Corte. Veem-se as imagens com aquela sensação de dó da vergonha alheia, pobre Nhô Quim, que perde o trem, sai à rua de saia, não acha mais o moleque que lhe devia servir, vira capanga eleitoral.

A graça das imagens, a aparente falta de pretensão de tudo, é uma janela ímpar para a observação da cultura e da sociedade do Brasil imperial. A “gente rica” não parece honrada, apega-se à escravidão, corrompe eleições, há espertalhões por toda parte. O posfácio de Marcelo Balaban e Aline dell’Orto oferece um panorama primoroso da arte das publicações ilustradas no Brasil oitocentista. O caiporismo de Nhô Quim é a sorte grande de seus leitores.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Leitura - 451 N# 88

 

Mais um versão desta revista que me acompanha desde a Flip 2019. Grandes resenhas e reportagens e muita indicação de livros excelentes

Leitura- Vozes de Batalha - Marina Colasanti

Me pareceu excessivamente pueril. Escrito como se fosse uma sobrinha adolescente de família extremanente rica e sofisticada escrevendo um li...