quarta-feira, 15 de abril de 2009

Leitura -O africano



Concluída leitura do Africano chegamos a conclusão que Le Clezio se trata de excelente escritor.

Fica a impressão da leitura deste livro de um que de " Coração nas Trevas " obra-prima de Joseph Conrad , neste a eterna procura por um Kurtz sempre distante e enigmático num clima opressor.
Este a eterna lembrança do pai que só aparece em imagens da criança .Nunca real nem em fotos.Um Pai imaginário que é o que no fundo temos .Nunca o pai real que existiu. O que somos nós senão soma de imagens formadas pelos outros?







Marlow é um experiente marinheiro que numa barcaça fundeada no Rio Tamisa, encontra-se a contar algumas histórias das suas aventuras noutras paragens. Isto quando um dos seus companheiros se refere ao negrume das nuvens que ameaçam chuva. Este é o ponto de partida da história de Marlow sobre o seu desejo em percorrer um certo rio africano (depreendo que fosse o Alto Nilo) e como teve por missão ir buscar um chefe de posto chamado Kurtz, do qual todos falavam com enorme respeito e até admiração.

A história inicia-se com a confissão de Marlow em percorrer o Mundo e principalmente o tal rio africano que desde muito cedo o maravilhou. Por essa razão, e quando soube que uma companhia marítima necessitava de um comandante de um vapor, moveu influências (coisa que nunca tinha feito) para ocupar o lugar. E conseguiu!

Marlow chega à desejada delegação da companhia tomando conhecimento que o barco a vapor se encontra meio afundado no rio, e que o seu anterior comandante fora morto por uma tribo. No entanto, estas situações não demovem Marlow para o cumprimento do cargo para o qual foi contratado: comandante do vapor. Arranja forma de o arrancar ao rio e proceder às reparações necessárias para o colocar de novo navegável. È aqui que nos é ilustrada a oposição entre o espírito de Marlow que (des)espera pacientemente pelos necessários parafusos para arranjo do casco e o espirito dos outros membros da companhia que não fazem nada para além de tricas e invejas politicas para agradar ao administrador. O administrador, pessoa medíocre e que alimenta as tricas e politicas da delegação onde aspirantes se tentam pisar uns aos outros para subir mais um degrau, quer enviar uma missão de salvamento a um chefe de posto de seu nome Kurtz.

O Sr. Kurtz é tido como uma pessoa brilhante e é o chefe de posto que mais marfim consegue enviar para a delegação. Kurtz era para vir com o resto dos auxiliares e com o último carregamento de marfim daquele posto pois estava doente, no entanto por alguma razão desconhecida e já a caminho da delegação voltou atrás e permaneceu no posto. O administrador bem como toda a gente refere maravilhas acerca deste Sr. Kurtz como homem de superior qualidade e de dons oratórios fantásticos. Quando o vapor fica concertado, Marlow, o administrador e mais uns membros da companhia juntamente com alguns membros de uma tribo partem em busca do posto e do Sr. Kurtz. O que encontram é um homem debilitado, ligado às tribos, possuído pelo espirito da selva e que morre no vapor confiando a Marlow o seu tesouro (uma quantidade de documentos sobre a sua chefia do posto, bem como pensamentos sobre as raças e colonialismo).

O tema principal será a busca de algo que é espiritual e que os restantes membros da tripulação na sua vidinha não parecem ter capacidade para “tocar”. No entanto, Marlow desde o primeiro momento é enfeitiçado pelo espírito selvagem africano. Tratar-se-á de uma critica ao Império britânico e nomeadamente à sua politica de colonialismo virada para arrecadar bens matérias sem dar o devido apreço pelas gentes, cultura e mundo africano.Trata-se de um livro complexo (penso que a tradução também deixa muito a desejar: Biblioteca Visão) apesar de pequeno, onde se exige uma grande concentração do leitor. Um tanto ou quanto confuso e que não deixa na boca nenhum trago…nem doce, nem amargo.

Só para apreciadores…

Sobre o Autor:

Joseph Conrad (1857-1924)

Nasceu na Ucrânia, filho de pais polacos, tinha como verdadeiro nome Jósef Konrad Walecz Kozeniowski. O pai um nacionalista polaco foi desterrado para a Ucrânia sendo a razão porque Conrad nasceu nesse país. Ficou órfão aos 11 anos de idade ficando sob a tutela do seu tio. Em 1874 decidiu partir para Marselha e alistar-se na Marinha. Em 1886 tornou-se cidadão britânico, 4 anos depois abandonou a Marinha para se dedicar à escrita. Foi um grande romancista britânico que se inspirou em muitas das suas viagens marítimas, a maioria no Oriente sendo um critico do colonialismo. Morreu em 1924 em Kent.

Algumas obras mais conhecidas: Histórias Inquietas (1898); Lord Jim (1900); O coração das trevas (1902); Tufão (1903); Acaso (1913)

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