
Bolaño é realmente um escritor de quem gosto muito. Mais um novo livro lido e mais uma excelente leitura. Bolaño viaja na literatura e tem muito a ensinar a jovens escritores. Somos levados por sua escrita para caminhos inusitados e as vezes nos esquecemos que estamos lendo. O próximo sera 2666 uma leitura de folego com certeza. Para mim um dos melhores escritores contemporaneos e é uma pena que tenha falecido.
Resenha:
Roberto Bolaño não tem a mínima preocupação com os gêneros tradicionais.
Simplesmente convida o leitor a acompanhá-lo em histórias que muitas
vezes parecem memórias de juventude ou lembranças de viagem. De repente,
estamos enredados na ficção, quando não na rememoração de um sonho, e
não de um simples evento biográfico.
Fica fácil entender por que o escritor chileno já era considerado um
dos principais renovadores da literatura latino-americana, quando morreu
prematuramente, aos 50 anos, em 2003. Para Enrique Vila-Matas, Bolaño
vinha pôr fim ao beco sem saída do realismo mágico. Para Susan Sontag,
ele já tinha assegurado "um lugar permanente na literatura mundial". E
isto apesar de ter vivido na obscuridade até a década de 1990, exilado,
primeiro no México e depois na Espanha, tirando seu sustento de
trabalhos precários.
E a marca principal dos personagens de Bolaño é justamente a
precariedade, seja a econômica, seja a afetiva. São os jovens chilenos
dispersos depois do golpe liderado pelo general Augusto Pinochet, em
1973. É o escritor desconhecido que vagabundeia pela França e pela
Bélgica. É o filho de uma prostituta que revê os filmes pornô da mãe
grávida dele. É o cadáver de um boêmio que toma contato com a necrofilia
de uma celebridade da alta costura. De um modo ou de outro, todos vivem
mergulhados na amarga ironia do autor, que parece identificar-se com
cada um deles, num jogo de fingimento e revelação simultâneos