quarta-feira, 16 de junho de 2021

Leitura- A polícia da memória

                                               

Na década de 70 fui um leitor voraz de ficção científica lendo praticamente todos os livros da Coleção Argonauta portuguesa e todos os grandes escritores .Hoje não encontro muita motivação para novas leituras. O último foi China Miéville com As cidades e as Cidades , excelente . Este de Yoko Ogawa também é uma boa ficção científica - hoje mais conhecido como romance distópico que como a Yoga muda de som apenas para vender algo que sempre existiu ,como os velhos programas de Calouros do rádio hoje com nomes pomposos .The Voice etc.- uma estória bem tramada que remonta a 1984 , Farenheit e outras  , mas bastante criativa e com a delicadeza japonesa . Nada como cultivar a memória

Resenha: A polícia da memória, finalista do International Booker Prize 2020 e do National Book Awards 2019, foi traduzido em diversos idiomas e, mais uma vez, marca o talento da escritora contemporânea Yoko Ogawa.

Neste romance que chega agora ao Brasil, pela Estação Liberdade, em prosa ao mesmo tempo insólita e sensível, o leitor é conduzido ao mundo das memórias perdidas. Uma ilha é vigiada pela “polícia secreta”, que busca e elimina vestígios de lembranças. Objetos, espécies e até famílias inteiras somem sem deixar traços, sem que as pessoas sequer se atentem, ou percebam os desaparecimentos, pois as recordações furtivamente também já se foram.

Na trama, uma escritora tenta manter intactos resquícios de histórias, de algo que possa permanecer. Não é fácil, já que tudo ao redor desaparece, e ela não pode contar sequer com a própria memória.

O leitor é convidado, instintivamente, a acessar o seu próprio arcabouço de lembranças e percorre uma jornada de recordações que também gostaria de preservar. Algo que tem se tornado familiar na atualidade, e a todos que têm criado um novo mundo, já que o anterior, pré-pandemia, não mais existe, e nunca será como antes.

Acessar as memórias é acessar, também, o que criamos e o que se mistura ao real. E ler A polícia da memória é embarcar no mais profundo do ser. Há uma pergunta que circunda toda a narrativa: se pudesse, o que você preservaria intacto, e não perderia da memória?

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